NATAL – a Divindade se abaixa, para que a humanidade se eleve

Reflexões Bíblicas

Detenhamo-nos, por alguns instantes, diante do presépio e tentemos contemplar a criança deitada na manjedoura. Um Deus que se humaniza, fazendo-se carne (cf. Prólogo Jo); o divino, o infinito que abraça o finito, a fragilidade.

A indicação do anjo aos pastores começou assim:  –  “Não temais! Vede: dou-vos uma boa notícia, uma grande alegria para todo o povo. Hoje, nasceu para vós na cidade de Davi, o Salvador, o Messias e Senhor.

Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.”

Olha a estratégia de Deus, para chegar até nós!
Uma criança. Apenas, uma criança. Quem tem medo de uma criança?

Ela é só ternura, meiguice, encanto que entra em nós e atinge todos os nossos sentidos. Queremos vê-la, tomá-la nos braços, beijá-la, cheirá-la. Na verdade, contemplá-la!

É assim que entra em nossa humanidade, com excesso de amor. Jesus, nosso Salvador Se nos apresenta assim. Tudo isso para que assumamos nossa condição de criatura, de ser humano em toda a sua verdade.

Nesta realidade, devemos nos perguntar – onde está o luxo, o poder, a glória, o dinheiro, a prepotência, o orgulho, a autossuficiência, a riqueza, a tristeza?

O quadro aqui, é outro. O da humildade, dependência, simplicidade, pobreza, alegria, entrega, fragilidade, pureza, inocência.

É da simplicidade e fragilidade de uma criança, o Deus-Menino que somos movidos à novidade, expectativa, ao encantamento pela vida que nos foi e é dada, um dom gratuito.

A Gruta de Belém nos remete à nossa gruta interior. Lá, devemos encontrar este Menino-Deus em sua fragilidade e integridade e nossa criança que talvez possa estar perdida.

Quem sabe esta travessia da Gruta de Belém à nossa gruta interior faça-nos crescer, amar, doar-nos aos outros, compartilhar com eles o dom da vida e assim, aprender com eles a bondade, a generosidade, a justiça, a solidariedade, a gentileza, a dizer não à tudo que não é de Deus.

Nesta dinâmica, ficaremos parecidos com o Menino-Salvador, o Emanuel, Deus conosco. Como diz Fernando Pessoa: “Ele é o eterno Menino, o Deus que faltava; o divino que sorri e que brinca, o Menino tão humano que é divino.”

Então!
– Paremos e busquemos a criança que está dentro de nós, tomemo-la em nossas mãos e ouçamos o que ela tem a nos dizer.

– Este Deus-Menino, que está chegando, nos faça sentir a beleza da vida, dom precioso  que nos lança ao encontro do outro para sermos dom. Alegremo-nos e agradeçamos sua divindade que nos veio visitar, estabelecer sua tenda em nossa humanidade,  fazendo-se humano.

 

Inez de Carvalho
Graduada e Pós-graduada em Comunicação, pela PUC/Minas
Graduada em Teologia pela FAJE