A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 traz a reflexão sobre o tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de amor”. Nos faz um convite a refletirmos o diálogo numa perspectiva desafiadora quando aborda uma ação ecumênica, considerando ser um compromisso de amor. A expressão popular “falamos daquilo que o coração está cheio”, é muito comum ouvirmos e até mesmo utilizarmos em nossa linguagem cotidiana. Mas, o que realmente comunicamos? E o que está em nossos corações? Estas são algumas das questões que nos levam a refletir nossas atitudes. Nossa comunicação precisa ser cuidada para não ser omissa ou violenta e sim, amorosa e fraterna.
Em primeiro lugar, uma comunicação sem violência se faz necessária para a construção de uma sociedade mais justa. Para que isso aconteça, precisamos fazer nosso dever de casa que é começarmos pedagogicamente o exercício da utilização das coisas boas e belas que temos em nossos corações e externizá-las em detrimento ao negativismo disseminado ou imposto no âmbito social, político, econômico e até mesmo religioso. No texto base da Campanha da Fraternidade 2021, evidenciamos esta realidade negacionista como um momento vivenciado que demonstra a segregação e descarte das pessoas consideradas empecilhos e inúteis. Enfoca por exemplo, a violência contra as mulheres, a violência do Estado que é justificada e legitimada por meio de uma política de segurança que escolhe quem morre e quem vive, chamada pelo camaronês Achille Mbembe de uma necropolítica visível na atuação repressiva contra negros, pobres, LGBTQI+, imigrantes, indígenas, JUVENTUDE principalmente negra dentre outras minorias. Um dado assustador que nos leva a refletir é a quantidade de jovens assassinados no Brasil que conforme o IPEA em 2018 foram mais de 30.800.
Em segundo lugar, somos estimulados a vivenciar Jesus Cristo como o mestre do amor que sabia muito bem utilizar a comunicação com sabedoria e doçura nas palavras. Exortava com palavras assertivas, pois elas brotavam de um coração amoroso, sensível e verdadeiramente humano e divino. Também a exemplo de Nossa Senhora das Dores somos convidados a assumir com coragem e discernimento os caminhos da fé e não se deixar levar pela dureza das palavras e exemplos dos algozes, maus feitores, dos negacionistas e maus comunicadores. Com gestos e olhares, Maria assumiu o caminho da cruz e não o abandonou jamais. Portanto, a comunicação também se faz a partir do olhar, das ações e dos gestos, nos colocando disponíveis aos mais próximos de nós.
Sendo assim, a superação da violência, a garantia dos direitos sociais a todos e uma comunicação amorosa é a certeza da construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna, reconhecendo Cristo como nossa paz. Essa perspectiva nos anima a construir nosso caminho da unidade na diversidade. VIOLÊNCIA JAMAIS!!!
Claudinei Dias da Silva
Leigo Missionário de Nossa Senhora das Dores
Graduado em Filosofia, Teologia e Psicologia pela PUC Minas
Professor de Filosofia da Rede Estadual de Ensino/MG
