A alegria é filha da fé!

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Este terceiro domingo do Advento, é chamado de Domingo da Alegria. A liturgia usa a cor rosa como símbolo de alegria. O convite à alegria é característico do tempo do Advento: a espera do nascimento de Jesus, a espera que vivemos é alegre, um pouco como quando esperamos a visita de uma pessoa que amamos muito, por exemplo um amigo a quem faz muito tempo que não vemos, um parente etc. Estamos em uma espera alegre! Encontramos essa alegria, em quase toda parte, desta terceira semana do advento, nas orações, nas leituras, no salmo. Domingo que se abre com a exortação de São Paulo “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Antífona de entrada; cf. Fl 4, 4.5). “Alegrar! ” Alegria cristã. E qual é o motivo dessa alegria? Que “o Senhor está perto” (v. 5). Quanto mais perto o Senhor está de nós, mais alegres somos; esta é uma regra para os cristãos. Como não manifestar a nossa alegria, cientes desta grande verdade? Jesus Cristo ressuscitou!  Ele nos ama! Sentimos alegria porque o Senhor está perto de nós, porque Ele nos ama, porque o Senhor nos redimiu.

Agora é a hora de recuperar o fôlego em nossa caminhada para o Natal. O tempo de espera pode nos desgastar se perdermos de vista Aquele que esperamos. As leituras desta semana nos lembram que o Salvador traz a alegria da libertação, aquela alegria cantada por Maria e que o apóstolo Paulo nos dá como eixo de nossa vida cristã. “Esteja na alegria do Senhor”, insiste a antífona de abertura deste domingo.

Mas, o que é essa alegria?

Conhecemos “alegrias” como as do sucesso, da festa, do reencontro… Certamente, experimentamos a “alegria” de estar vivo, de transmitir algo a alguém, de melhorar a cada dia, de estar a serviço, a alegria de aprender … A alegria do “Senhor” é semelhante àquelas alegrias duradouras que podem ocorrer mesmo quando se está passando por grandes provações. A alegria do Senhor é um dom do seu Espírito. “Não apaguem o Espírito”, Paulo implorou aos tessalonicenses com suas recomendações para permanecer fiel a Cristo. A alegria é fruto do Espírito de Deus. Ela não é um sentimento pessoal que marca a nossa identidade, é um dom que se vive e se compartilha.

As leituras deste domingo são atravessadas por grandes explosões de alegria. Esta insistência na liturgia, no seguimento das Escrituras, mostra claramente que para nós a alegria não é óbvia. Ainda vivemos sob as restrições de vários tipos de escravidão, e a alegre libertação de que a Bíblia nos fala está no futuro, simplesmente prometida. No entanto, o futuro que se pode esperar nas condições atuais não é tão animador: precariedade em todas as áreas. Na verdade, a alegria depende totalmente da fé: a falta de alegria equivale à falta de fé. A 2ª leitura nos orienta a viver em gratidão (ação de graças), o que supõe que superemos todas as preocupações (v. 6). Paulo nos convida a livrarmo-nos do que nos assusta, confiando-o a Deus. Então seremos invadidos pela “paz de Deus que ultrapassa todo o entendimento”, isto é, toda evidência racional.

Neste ano marcado pelo prolongamento e consequências da pandemia, da covid-19, aproveitemos o Advento para rezar e refletir. Diante de tantas perguntas sem respostas, dores e angústias experimentadas, dúvidas e incertezas, é hora de renovar a fé e a confiança em Deus, que sempre nos acompanha. Por isso, agora, é tempo de reconstruir uma esperança comprometida.

Alegria apesar de tudo….

Compreendemos que a alegria é filha da fé. Uma fé que não se baseia na visão, mas na palavra ouvida. É por isso que nossos textos nos dizem que a verdade está do lado da alegria: a Escritura não insistiria tanto se fosse óbvia. A alegria que nos é anunciada é uma alegria apesar de tudo… A penúltima palavra pode ser dor, mas a última palavra é alegria. Cristo vem habitar tudo o que a vida nos dá para passar. Deus não se envolve em nenhuma das causas de nossos infortúnios, mas vem para assumir, conosco, tudo o que nos afeta. Isso é o que a crucificação significa e leva a uma nova vida livre do poder da morte.

Essa alegria que Deus vem depositar em nós é semelhante à do menino Jesus que dentro de alguns dias será colocado na manjedoura. É uma alegria já completa, inteira, mas que também é chamada a crescer aos poucos, dia após dia. Se a deixarmos crescer, ela assumirá cada vez mais importância e então perceberemos algo diferente: ao contrário das alegrias humanas que competem entre si, a alegria divina não impede o desenvolvimento de outras alegrias. A alegria de Deus não vem cessar ou substituir as nossas alegrias humanas, mas vem dar-lhes outra cor e fazê-las crescer. Porque quando experimentamos a alegria Divina dentro de nós, nos tornamos sensíveis ao que faz Deus feliz.

Vamos dar um exemplo. Se com a aproximação do Natal, toda a minha alegria se resumisse em dar e receber presentes, ou apenas a alegria de reunir a família, para uma deliciosa ceia natalina, que lugar Deus encontraria no meu coração? Como Ele poderia entrar lá para depositar sua alegria? Por outro lado, se eu deixar a alegria de Deus entrar em meu coração, o que acontecerá? Quando recebo a alegria de Deus, não sinto menos alegria em me reunir com a família, mas, pelo contrário, tenho outros motivos para me alegrar. Estou feliz com a presença deles, porque Deus os ama e também porque Deus ama essa amizade. Por isso, minha alegria se purificará e assumirá um colorido divino, repleto de sentido.

Na verdade, é para essa alegria divina que somos chamados. Estes poucos dias de Advento que nos restam, é um tempo bendito, para deixar um lugar para Ele em nosso coração para que ali possa verdadeiramente espalhar toda a sua alegria.

Por Irmã Lúcia Souza – RMNSD

Referência bibliográfica: A BÍBLIA SAGRADA. Recomendações. Tradução de Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin. São Paulo: Paulus, 1990. 1631 p. Velho Testamento e Novo Testamento