Leitura Orante

Reflexões Bíblicas

TEMA: “E Maria estava lá”

Introdução: Nossa vida é cheia de contrastes e vivemos imersos em dias felizes e luminosos e também em dias sombrios e de penúrias. Com a pandemia, as situações de penúrias foram evidenciadas.  Estamos atravessando um contexto de mundo profundamente marcado pela dor, pelo sofrimento, pelas perdas. O contexto atual tem deixado muitas cicatrizes nos corações de pais, mães, filhos, familiares, amigos que tiverem seus entes queridos arrancados da vida, sem ao menos poderem dizer adeus, sem poder sentir o conforto da presença, da mão na mão, do abraço, do consolo na partida. Muitos não puderam nem mesmo sepultar seus entes queridos. É neste panorama que somos convidados a olhar para Jesus, olhando para Maria, sua e nossa Mãe. Segundo o Papa Francisco, os Evangelhos falam muito brevemente de Maria. Em São João, vemos que no momento mais cruel da vida de Jesus é registrada por um simples verbo, a presença de Maria: “Ela estava lá!”

Texto bíblico: João 19, 25-27

Texto complementar

Conforme Afonso Murad, Maria, a mãe de Jesus, que aparece no início de sua vida pública, em Caná da Galiléia, tendo desaparecido da trama dos Evangelhos, retorna à cena no momento crucial da vida de Jesus, ou seja, sua Crucifixão. É ali ao pé da cruz, “onde não há sinais extraordinários”, que podemos reencontrar a mãe. O momento da cruz que desafia a fé dos discípulos é também desafiante para Maria. Mas ela estava lá. Ainda segundo Murad, “Maria é a corajosa seguidora que permanece, que persevera, que não foge no momento da perseguição e crucifixão”, mesmo quando uma boa parte dos amigos de seu Filho havia fugido, Maria estava lá com um pequeno grupo de mulheres. Maria permanece no seu amor. Este gesto de Maria “significa persistência, constância e adesão”.

Um simples verbo registra a presença da mãe: ela “estava”. Nada dizem da reação dela: se ela chorou, se ela não chorou … nada; nem mesmo um esboço de descrição de sua dor. Os Evangelhos apenas dizem: “Ela estava junto à cruz!” Ela estava ali. Naquele momento mais terrível e mais cruel, ela estava sofrendo com seu filho. Ela estava de pé. Maria simplesmente estava lá. Maria estava lá na escuridão mais escura, mas ela estava. Ela não se foi. Maria está lá, fielmente presente. Ela estava ali por fidelidade ao desígnio de Deus, de quem se autoproclamou serva desde o primeiro dia de sua vocação.

O que podemos como cristãos e cristãs aprender de Maria é a constância na fé, a perseverança e a adesão. E Maria estava lá, ela permaneceu ao pé da cruz. Murad afirma que quando São João coloca na boca de Jesus a expressão “permanecer em mim e eu nele” (cf. Jo 6,56), quer expressar a sintonia profunda do discípulo com seu Mestre. Manter-se de pé junto à cruz como Maria, expressa a atitude do discípulo-amigo de Jesus, do estar em sintonia com ele, exercitando a fé no momento de crise.

Assim, somos chamados a exercitar a nossa fé, padecer com Jesus que padece nos irmãos e irmãs e ao mesmo tempo, a exemplo de Maria, sermos capazes de inspirar os que sofrem a enfrentar com coragem, persistência e esperança ativas, as cruzes no caminho da vida. Que Maria, a Mãe da Esperança, apoie nossos passos nos momentos difíceis. Que ela nos ajude a manter a confiança no amor de Deus, tanto nos dias felizes como nos mais dolorosos.

 

Primeiro passo Reflexao Biblica1º Passo: Coloque-se inicialmente na presença de Deus, invocando as luzes de Espírito Santo de Amor.
Ó Espírito Santo:
Respirai em mim, ó Espírito Santo, para que seja santo o meu pensar.
Impeli-me, ó Espírito Santo, para que seja santo o meu agir.
Atraí-me, ó Espírito Santo, para que eu ame o que é santo.                                                    Fortalecei-me, ó Espírito Santo, para que eu proteja o que é santo.                                                                                            Protegei-me, ó Espírito Santo, para que jamais eu perca o que é santo. Amém!                                                                       Amém. Santo Agostinho

 

Segundo Passo

2º Passo: Ler… ler… ler… Tome o texto proposto e faça uma leitura lenta e atenta. Repita a leitura uma segunda vez e se necessário, uma terceira vez. Este momento é apenas para acolher a Palavra sem teorias, deixá-la cair no coração lentamente.

 

 

Terceiro Passo

3º Passo:  Faça um profundo silêncio interior recordando tudo aquilo que foi lido. Deguste a Palavra lida no silêncio do seu coração.

 

 

Quarto passo4º Passo: O que o texto diz em si mesmo? Como Deus se revelou a você por esta Palavra?Procure  situá-lo, ver os lugares, as personagens, as palavras e ações.

 

 

 

 

5º Passo:  Meditação – Ruminar, mastigar, revolver a memória – O que o texto diz para mim hoje? Meditar é guardar no coração e deixar-se amar; é aplicar o texto em nossa vida e realidade; ver o que a Palavra diz para mim, procurando atualizá-la hoje; perceber as inspirações, os apelos, os afetos, as revelações, as iluminações do texto lido; interiorizar, internalizar a mensagem; acolher outros significados do texto; aplicar na realidade pessoal, comunitária, social; deixar-se afetar pela Palavra acolhendo o toque da graça.

 

6º Passo: Oração – Louvar, agradecer, pedir – O que o texto me faz dizer a Deus? É o momento da resposta, do diálogo, do encontro com Deus. É expressar os sentimentos de perdão, louvor, intercessão, súplicas. Abrir o coração, envolver-se na presença de Deus, acolhendo a realidade e os apelos dos irmãos; fazer atos de perdão e reconciliação; rezar salmos, fazer preces, hinos com o texto meditado.

 

 

 

7º Passo: Contemplação – Levar para a vida – O que o texto me leva a viver? Permanecer na presença, em receptividade, nos braços do Pai; dar espaço para Deus, para o irmão e a realidade da vida, afetivamente. Toda contemplação é para ser comunicada e vivida, em vista da transformação pessoal, comunitária e social. A contemplação leva a viver a própria Palavra.

 

 

Fontes:

Leitura Orante da Palavra de Deus – Secretariado de Pastoral – Arquidiocese de Londrina Pr.MURAD, Afonso. Maria toda de Deus e tão humana – Compêndio de Mariologia. Edições Paulinas, 1ª Edição, 2012.

Pape François – Marie, Mère de l’Espérance : La force de l’espérance – Parole pour des temps d’épreuve. Artège, 2020.

Por Irmã Maria Adelma Ferreira